Não é um hobby

Quando eu cheguei a casa a dizer que queria ser professora de Yoga, os meus pais tentaram dissuadir-me. Porque os seus sonhos passavam por eu frequentar a universidade, e se possível estudar  um curso como deve ser, como a advocacia, a medicina, ou a ciência política. Algo que fosse respeitado pelos outros, e que de alguma forma recompensasse o enorme esforço que fizeram para que eu e o meu irmão estudássemos num dos melhores colégios da cidade. 

Além disso os meus pais não faziam ideia do que era o Yoga, e para o que servia. Na altura não haviam professores e escolas de Yoga ao virar de cada esquina, nem tão pouco centenas de opções de cursos de formação. O que existia era pouca informação, e o Yoga tendia a ser visto e desvalorizado como uma coisa de hippies.

Apesar do desconhecimento, deram-me a autorização para eu continuar a fazer Yoga mas como um hobby, e exigiram a frequência numa universidade. E eu, mesmo com os meus 16 anos, a caminho dos 17, entendia a sua preocupação, as suas expectativas e os seus sonhos. E eu continuei a praticar, com a mais pura convicção que um dia seria professora e teria uma escola de Yoga.

Os anos passaram, e depois de muitas práticas e aulas,  foram os meus  pais que  me ajudaram quando eu comecei a estudar na Índia, e posteriormente na abertura da primeira casa do Ashtanga Cascais. Porque apesar do medo e da incerteza, os meus pais foram, e são, os meus maiores apoios e inspiração para eu continuar dedicada ao meu caminho. Até porque por essa altura já tinham percebido que eu não praticava Yoga como um hobby!
O Yoga continua a não ser um hobby.  O Yoga precisa de consistência, rigor, dedicação, persistência, e amor. E estas características são aprendidas na  aula com um professor, e depois pela própria prática.

O Yoga é para ser feito com a conexão ao lugar interno onde experiencias silêncio,  espaço e  humildade. O Yoga é para feito com a ligação à tua respiração e ao respeito pelo teu corpo para gradualmente abrires caminho, rumo ao que tens de mais profundo. 

O Yoga não é um hobby que praticas quando apetece, ou nas fases que defines como  perfeitas, mas depois interrompes nos momentos delicados, complicados ou difíceis.

O Yoga implica continuidade e consistência, para seres capaz de conheceres-te  sem luta, fuga ou distracção, e acolheres-te, respeitares-te, e honrares-te ao fazeres um caminho consistente, honesto e simples.

O Yoga é  uma experiência interna que activa o nosso melhor, e como não é um hobby mas uma prática, deve ser nutrido em todas as fases da tua jornada. 

BOAS PRÁTICAS