Um privilégio
Um privilégio é poder almoçar no restaurante de sempre, e conversar durante muito tempo. Confessar-lhe coisas pela primeira, ouvir muitos conselhos e também algumas críticas. E ter a capacidade de escutar tudo, com a gratidão de quem sabe que é um privilégio estar com 42 anos e ainda poder beneficiar da sua companhia, sabedoria e do seu colo.
É um privilégio sentir que estou à frente de uma das minhas pessoas preferidas, e somos tão parecidos na aparência, mas também nas qualidades e nos nossos defeitos. É um privilégio ter uma cumplicidade especial de quem pode falar sobre tudo, e de ambos conseguirmos à distância saber como é que estamos naquele dia. E mesmo num dia triste, conseguimos desde sempre, iluminarmo-nos mutuamente com um olhar e um sorriso.
É um privilégio ter sido inspirada por ele, que me educou para aprender a agir, e a saber rapidamente tirar lições dos resultados das minhas escolhas, mas também para ser ousada e determinada, manter-me humilde e dedicar-me de corpo e alma ao que acredito e quero.
É um privilégio sair a pé daquele almoço, percorrer as ruas ao seu lado, continuar a conversar de braço dado, enquanto partilhamos novas histórias e gargalhadas com quem se conhece e ama profundamente. É um privilégio chamar o meu pai, de melhor amigo.