O que controlamos…
Para o Yoga é essencial a nossa capacidade auto-controlo, porque Yoga é Chitta Vritti Nirodha, ou seja o controlo das flutuações da mente.
Dentro da tradição dos meus professores, para conseguirmos acalmar a mente, teremos primeiro de aprender a controlar a respiração e o corpo, através de uma prática consistente, realizada por um longo período de tempo, sem grandes interrupções. E é por ela, que desenvolvemos a atenção e a auto-consciência para conseguir observar, conhecer e superar os nossos próprios condicionamentos, padrões de pensamento, emoções, sensações, comportamentos e acções.
A auto-consciência e estes novos conhecimentos permitem a possibilidade de abrir portas internas para uma mudança e transformação qualitativa na forma como vivemos. Porque
deixamos de estar condicionados pelo o que está lá fora, e que é exactamente aquilo que não controlamos.
Não controlamos os nossos relacionamentos, a durabilidade dos nossos empregos, a estabilidade absoluta das nossas finanças, a qualidade da nossa saúde, etc. Não sabemos nada sobre o amanhã, e isto pode parecer negativo, e mais uma razão para ficarmos preocupados, nervosos ou ansiosos. Mas é preciso reflectir sobre aquilo que efectivamente controlamos, e que não está lá fora, mas dentro de cada um de nós.
Aquilo que poderemos controlar são as nossas decisões, e para isso necessitamos de criar maior clareza nas nossas percepções para ver, conhecer quem somos, trabalhar talentos e capacidades, e encontrar soluções para superar o que definimos como obstáculos, dificuldades e desafios. É por isso é que é fundamental trazer atenção, consciência aos nossos dias, para efectivamente começarmos a controlar o agora, este instante. É um controlo que vem com aceitação, sem julgamento, e que se treina. É um controlo que usa a repetição como mestra do progresso, a disciplina para impulsionar a consistência, e a gentileza que serve de força para fazermos a transformação.
Isto pode parecer que é pouco, mas na verdade é o nosso maior poder! Porque o agora é o presente, que naturalmente fará parte do nosso passado, e futuro. O agora, é a base para controlarmos as nossas vidas, dar-lhes um rumo, uma direção e um propósito. E o Yoga começa sempre no agora.