#YOU HAVE IT SINCE YOU CAME TO THE WORLD

Andamos para aqui todos em modo acelerado, dando muitas vezes a sensação que fizemos maratonas contínuas durante todo um dia, acabando por vivermos exaustos, sem paciência, ansiosos, e com pouca fé que a vida possa ser vivida de outra forma.

Até que uma das nossas amigas inscreve-nos para um tal Retiro de Ashtanga Yoga! E nós confirmamos que vamos, encolhendo os ombros, porque nunca fizemos o tal do Ashtanga e temos a sensação que iremos apanhar uma verdadeira seca de cânticos, e gente estranha, e momentos completos constrangedores de pessoas a querem dar-nos abraços, ou alguma coisa desse gênero. De quando em quando perguntamos à nossa amiga, o que é que vamos fazer naqueles três dias, que não temos flexibilidade, que não temos jeito para coisas na onda do hippie style, que se calhar é melhor cancelar a inscrição, e ela responde com voz firme, que não vamos cancelar nada, e que quando lá chegarmos logo vemos o que é.

Quando chegamos ao Monte, há todo um acalmar, o lugar é lindo, a vista faz perder os olhos no verde e no mar lá ao fundo. Vamos conhecendo as outras pessoas, que à primeira, não parecem absolutamente nada do que tínhamos imaginado, não são estranhas, são gente como nós, alguns escuto falar que têm filhos, outros que trabalham naquela empresa, que até são nossos clientes, enfim, vamos apanhando o nosso queixo, porque afinal nada é o filme que tínhamos outrora pintado. E sentimo-nos particularmente ridículos, e esquisitos, porque enchemo-nos  de ideias pré-concebidas, que comprovamos em pouco tempo, que foram pensamentos completamente errados, e lá vemos a nossa amiga, a rir o tempo todo, porque sabe perfeitamente, o quão “parvas” nos estamos a sentir, porque afinal não haverá cânticos esquisitos, nem andarmos nus com incensos na mão!  Vemos a nossa amiga a rir sem parar da nossa cara de parvas, porque só agora começamos a entender o que é que viemos ali fazer! E ao mesmo tempo, damos connosco, já a adorar o facto de termos sido “obrigadas” a participar no Retiro.

Nas primeiras aulas descobrimos que afinal conseguimos respirar, que temos a maravilhosa coisa dentro de nós, que se chama RESPIRAÇÃO que veio connosco ao mundo quando saímos de dentro das nossas mães. E que em todos estes anos parece que a esquecemos de usar conscientemente, para acalmar, para parar, para nutrir a mente de bem-estar. Para conectar-nos ao tal do nosso corpo, sim este, também veio connosco quando ganhámos vida, mas que até aqui, até ouvirmos as palavras da professora, parece que não fazia parte de nós. Damos connosco a olhar para os nossos braços, pernas, e resto do corpo, com cara de estarmos a ser apresentados pela primeira vez, e depois da introdução ao Retiro e da apresentação de nós a nós mesmos, começamos a aula de Ashtanga, a nossa amiga passou para o grupo que já pratica, e nós ficamos nos iniciantes, uauu! Nunca tínhamos transpirado tanto, nem sabíamos que o nosso corpo tinha a capacidade de se dobrar tanto, de se esticar, de se estender, de se torcer! No final da aula, trocamos olhares com a nossa amiga que continua a praticar, dentro de uma postura que nos parece impossível de alguma vez fazermos, ela dá-nos um sorriso e graciosamente salta para outra posição, como um verdadeiro gato ágil e perspicaz! E nós deitamo-nos para vivermos outro momento catalisador de pura inspiração, somos guiados por um exercício de relaxamento, que mais uma vez comprova que parece que nunca tínhamos sentido tais sensações, leveza, liberdade, calma! Perdemo-nos no tempo e vemo-nos conduzidos a um estado de imenso bem-estar, tão forte, que sentimo-nos inundados por sentimentos de pura satisfação. Quando acabamos a aula, olhamos para o lado à procura da nossa amiga, ela ainda está deitada no descanso dela, para rodarmos o rosto em direcção  ao tecto de madeira, e sorrirmos.

BOAS PRÁTICAS

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