#THIS IS CHANGING MY LIFE
Deixar o antigo e abrir portas para entrar no novo, nem sempre é fácil. Surgem resistências, que originam dúvidas e a elas advém comparação com o que tivemos, com o que parece termos, ou com o que eventualmente teremos. Lá somos assaltados por um mente intensa, que desafia por complicar e confundir, retirando a sensação e a vivência tranquila de fazer um processo de transição. Lá ficamos à roda sobre nós mesmos, tentando resolver todos os pontos de interrogação. Sozinhos, ou com ajuda, procuramos passar a decisões finais e tomar coragem para proceder às adaptações necessárias para finalmente fecharmos caixas, e abrimos devagarinho a porta para o que vem a seguir. Seja em modo ultra rápido ou mais moroso, seja simples ou demasiado complicado, o processo de reajuste a uma outra realidade é sempre algo que implica esforço, discernimento e o máximo de calma, mesmo quando tudo à nossa volta parece exigir acções e atitudes explosivas.
Conseguir fechar a caixa de tudo aquilo que por via da história da nossa vida, já comprovou que não nos faz feliz, nem nos realiza, ou cria condições para um quotidiano em paz, implica doses de coragem e de força interna. Fechar e deixar tudo muito arrumadinho na nossa cabeça e avançar com alma para mudarmos padrões, hábitos, maneiras de pensar, sentir, viver, na maioria das vezes não é simples. Eu acabo por achar que o Yoga, em particular esta prática de Ashtanga Yoga, pode servir de apoio a uma mudança e a um reencontro connosco mesmos. Porque é um instrumento de reforço e conforto físico, mental e emocional que podem auxiliar os passos de gigantes que teremos de dar, rumo ao que pretendemos mudar ou alcançar. Todos os dias tenho o grande privilégio de amparar as práticas dos alunos cá de casa, de ajudá-los a superarem dificuldades nos movimentos ou posturas, e de inspirá-los a continuarem a praticar mesmo nos dias que não apetece, ou que custa. E com o passar do tempo, reparo nas mudanças que muitos fazem, oiço o que me dizem, e muitas vezes o que me escrevem, de como esta prática ajuda a avançar, a modificar, a transformar as suas vidas.
É o caso de uma praticante que trabalha com terapias, ajuda muitas pessoas, mas no caminho de uma agenda sempre cheia, foi perdendo tempo para si, ficou esquecida no meio do seu quotidiano profissional, até que o corpo se manifestou surgiam dores, tensão, menos paciência, e stress acumulado, e ela viu-se obrigada a retirar uma hora de atender outra pessoa, para passar a atender a si mesma, ou seja dispor daquele tempo para cuidar de si. Começou a praticar este verão, vem quase todos os dias, ou pelo menos 4x por semana, é das primeiras a chegar ao portão, vejo-a sempre de telefone ao ouvido, a falar com alguém que quer marcar consulta, acaba a conversa quando sobe as escadas para o Shala, desliga o tlm, para brincar alguns instantes com a Biga lá fora, quando entra para a sala vem sempre com um sorriso no rosto, segue à risca as indicações que dou, toma atenção onde inspirar, onde expirar, vejo-a a descobrir o seu corpo, o potencial de esticar as pernas, de colocar as mãos no chão, de fazer uma postura de torção da coluna, de se equilibrar apenas numa perna e pé, etc. Vejo-a a viver todas aquelas descobertas com tamanha felicidade e sai do Shala sempre dirigindo-me um obrigada. Em modo de confissão disse-me baixinho esta semana, “Isto está a mudar a minha vida!”