# THE LAST THREE MONTHS
Depois de um trimestre com muito sono, e cansaço extremo, ao ponto de chegar com o rosto em tons de verde depois de uma simples caminhada do Shala a casa, ou após leccionar uma aula, ou por praticar até Navasana! E uma tremenda vontade de comer doces, que viessem as bolachas, e todos os chocolates da prateleira lá de casa da nossa Maria do Mar, aqui estou eu a adaptar-me a uma nova nova rotina de vida, e de prática.
É aconselhado não praticar Ashtanga Yoga no primeiro trimestre de gravidez, especialmente se é iniciante ao Ashtanga, se tem historial de aborto, ou se esteve bastante tempo a tentar engravidar. Quando a praticante decide continuar a prática no primeiro trimestre de gravidez, é uma decisão pessoal, normalmente feita por praticantes experientes, com anos de prática, e com noção do que têm de modificar nas posturas, ou porque têm ao seu lado um professor credenciado que pode proceder às alterações necessárias. Eu estava em pleno Workshop com o Mark Robberds, quando comecei a ter os primeiros sinais que talvez estivesse de bebé. Todos os dias durante o Intensivo, tinha a sensação de estar completamente moída no corpo, ao ponto de comentar com o Mark, que estava exageradamente dorida, e de ele perguntar , “Mas tens praticado?”, e eu responder, um” Sim! Pratico como sempre, 6x à semana!” Além das dores musculares, fui invadida por um sono abismal, mal chegava às 21h, e os meus olhos fechavam para um profundo sono que durava toda a noite. Passado uma semana, lá descobri que estava grávida, e a partir daí, comecei toda uma adaptação a um novo quotidiano. Continuei a ensinar todas as aulas da manhã e de tarde, e a maior mudança foi mesmo na prática, porque decidi parar completamente de praticar 2ª série, e fazer modificações nalgumas posturas da Primeira. Mas nos primeiros tempos, vi-me apenas conseguir fazer meia Primeira Série, tamanho era o cansaço, as dores de estômago, o sono e a vontade de comer doces, que passaram a ser as minhas novas parceiras, para rapidamente entender que tinha de mudar! E claro, como em todas as mudanças, que parecem ser impostas, há sempre uma vontade de resistir e por isso, não foi de todo um período fácil. O que ajudou foi sem dúvida a minha perseverança em praticar, mesmo que fosse menos, mesmo que não fosse a minha apaixonada Segunda Série, e igualmente em continuar a ensinar as aulas no nosso Shala. Foram os meus alunos que me ajudaram a superar os maus humores, a falta de paciência, irritação, e vontade de chorar, que apareciam do nada e que me acompanharam neste primeiro trimestre, e mesmo nos dias que me senti insuportável, que não me aguentava de mim mesma, bastava chegar ao Shala, para naturalmente acalmar e melhor gerir um mundo hormonal completamente alterado! Foi também graças aos alunos e à inspiração que recebo desta nossa pequena comunidade, e ao super apoio da minha família, com um homem com paciência de JO, que consigo actualmente sentir-me mais equilibrada, e estar já mais serena neste meu actual quarto mês de gravidez.
Muita da estabilidade que encontrei foi por meio da prática, que por mais que seja diferente, oferece-me, dia após dia, novas perspectivas para reflectir, e para sentir este bebé a crescer dentro de mim. Tem sido uma adaptação a uma nova rotina de vida e de prática, mas apesar de alguns episódios que dão histórias para chorar a rir, face a tamanha palermice de sentimentos e emoções exageradas, é sem dúvida, uma altura de alegria, de introspecção e de transformação como mulher e como praticante.
Sugiro às mulheres praticantes de Ashtanga Yoga e que estão grávidas, que se aconselharem com os vossos médicos e professores, sobre continuar ou não, a praticarem no primeiro trimestre. Para as mulheres que estão grávidas, e que gostariam de começar a praticar Ashtanga, mandem um email para escolas de Ashtanga perto de vocês, e após “ok” dos vossos médicos, marquem uma primeira aula. Posso assegurar-vos que cada aula será um momento especial de conexão convosco mesmo, apesar de terem passado ou não, um louco primeiro trimestre. E se querem ler sobre Ashtanga Yoga e Gravidez, a minha maior referência é o livro escrito pela Sharmila Desai e Anna Wise, YOGA SADHANA FOR MOTHERS: SHARED EXPERIENCES OF ASHTANGA YOGA, PREGNANCY, BIRTH AND MOTHERHOOD.