#THE IMPORTANT REST – IN YOGA & LIFE
Numa altura em que tudo parece ser rápido, com urgência para ontem e com demanda para que seja bem feito, ou melhor, com obrigação, para que seja perfeitamente bem executado, acaba por restar pouco, ou nenhum tempo, para descansarmos. Muitas vezes para simplesmente conseguirmos colocarmo-nos em modo “off”de nós mesmos, das nossas neuroses, preocupações, pensamentos e emoções, e criarmos o espaço necessário a procedermos a algo fundamental – relativizar e relaxar – para caminhar com os dois pés e com o resto do corpo e especialmente com a nossa bendita cabeça, no momento exacto, no nosso presente, sem vivermos um quotidiano de correria, onde a maior parte das vezes, acabamos por esquecer a razão e o porquê de estamos a correr. E não me refiro, às belas corridas no paredão pela manhã ou ao final do dia, mas aquele gênero de corrida em modo frenesim, onde pensamentos e emoções lutam uns com os outros, gerando ansiedade, stress e sensação de estarmos prestes a sermos engolidos por um ritmo que retira a alegria e o prazer na vida, para gerar constante tensão, incomodo, cansaço e esgotamento físico e mental.
Lá volta a entrar o Ashtanga Yoga como instrumento para –
1) entrarmos em contacto com o nosso corpo;
2) disciplinarmos a mente para acalmar;
3) compreendermos a importância da respiração;
4) procedermos a um processo de limpeza e de desintoxicação;
5) ganharmos técnicas que ajudam nitidamente a melhor vivermos com saúde e qualidade de vida.
E lá vejo a gente cá de casa a terem de se deitar para os descansos no final da aula – existem aqueles que estendem o corpo sobre o “mat” e apagam em dois segundos, entrando num gênero de sono, desligando totalmente, tamanho era o cansaço! Há aqueles que apenas estão ali porque sabem que estou a olhar, e é com muita dificuldade que se aguentam, porque de repente não há nada para fazer se não descansar, e tudo neles é uma resistência, a mente não os larga um segundo, a ansiedade ainda existe e têm de ser guiados pelo descanso, onde uso a minha voz e indicações para traçarmos um trabalho onde exploramos várias técnicas que pretendem que gradualmente consigam estar, sentir para finalmente relaxarem. Mas existem outros que chegam a esta parte da aula e que já entenderam os maravilhosos benefícios do descanso, afastam as pernas, deixam descair os pés para os lados, levam os braços ao longo do corpo, rodam as mãos para cima, ajustam a zona sagrada e lombar ao tapete, dirigem o rosto para o tecto e encerram os olhos, chegam mesmo a esboçar um ligeiro sorriso, porque sabem que dali a alguns instantes estarão plenos de leveza, repletos de energia e em total contacto consigo mesmos num modo de paz e tranquilidade que não há dinheiro nenhum que pague. Para chegarem a esta fase, provavelmente também começaram como os outros, ora apagando sem qualquer réstia de consciência, ora lutando contra si mesmos numa resistência a estar ali quieto, parado, sem “nada para fazer”. Mas aula a aula, prática a prática, experiência a experiência, repararam que sair da aula de Ashtanga fazendo o descanso, ou não fazer, que havia diferença. O descanso permite que entrar num estado de graça, onde tudo é relativizado, onde corpo e mente ficam juntinhos, e a alma ganha maior lugar para existir. E a energia da prática, fruto de todas aquelas respirações, movimentos e posturas, fica dentro de cada um, para amparar nas escolhas e acções do resto do dia. Experimentem!