# MEN & YOGA

Depois de anos a observar as minhas turmas maioritariamente compostas por um público feminino, há coisa de alguns anos atrás, reparei que em muitas das minhas aulas, são os homens a sobressaírem em quantidade.

Parece que finalmente aquele velho mito, completamente falso, que tendia a prolongar a máxima que, Yoga era coisa de mulher, acabou! E que também acabou, a outra falácia que afirmava erradamente, que se não era coisa de mulher, que os homens que o praticavam eram “esquisitos”. E por esquisitos, entrava toda uma panóplia de estereótipos e preconceitos.

Era realmente complicado explicar que o Yoga não era determinado por género, que qualquer pessoa podia praticar, fosse homem ou mulher. E que o Ashtanga Yoga em particular, tinha toda uma vertente dinâmica e forte do ponto de vista físico que levava muitos homens a caírem do pedestal do apontar o dedo a ficarem fascinados com esta prática.

Quantos foram os maridos, namorados, irmãos, primos, amigos, etc, que vi entrarem no nosso Shala, vinham  com cara de frete, porque foram arrastados para uma aula de YOGA,  e depois de alguns ciclos de  Surya Namaskar A, estavam a transpirar como se estivessem a correr uma maratona em pleno dia de verão, com o sol do meio dia por cima? Tentavam acompanhar os CHATURANGAS com o máximo de masculinidade possível, mas todos os músculos tremiam! As suas caras eram de completo espanto, tinham sido apanhados de surpresa, porque estavam a contar com uma coisa  “feminina”, uns alongamentos e tal, umas coisas levezinhas, enfim… Quem os trouxe com certeza que tinha explicado como era a prática, mas eles na maioria, tinham ideias pré-concebidas que impossibilitava escutarem, e só com a experiência da aula é que se viram obrigados a mudar de opinião. Posso afirmar que a grande maioria,  no final da aula, pediam para voltar e daí, muitos passaram a praticantes assíduos. Para também eles se virem a braços com a dificuldade de terem  de explicar no grupo de amigos do rugby, ou do surf, ou do futebol, ou corrida, ou qualquer outra “irmandade masculina”, que agora faziam Yoga! Muitos foram gozados, “ui agora fazes Yoga?!”, ” Fazes Yoga, foste obrigado pela Marta!”, ” Fazes o quê?! Yoga?! Mas isso não é coisa de mulher?!”, ” Ah! És esperto vais ao Yoga e tal, conheces uma miúdas…”  e tantas outras frases de amigos a meterem-se uns com os outros!  Mas quantos dos que se riram, e gozaram, vieram também experimentar a tal da prática de Ashtanga? Uns porque tinham dores de costas há anos, fruto de hérnias e outras especificidades,  outros com joelhos estragados, outros porque o stress do trabalho era tanto que os ataques de pânico foram-se multiplicando ao ponto de terem de pedir licença nos empregos, outros porque os casamentos acabaram mal, e a sensação de vazio era grande, e tantas outras razões.  E o Yoga, o Ashtanga Yoga, passou devagarinho a ser frequentado por todo um público masculino que já não é caracterizado por estranho, ou esquisito ou qualquer outra categoria preconceituosa. E a sala cá de casa foi tendo este misto de presença de gente de todas as idades, género, profissão, historial, etc, expandindo-se até pessoas que outrora nunca tinham pensado praticar Yoga.

Que venham outros mais. Que consigam mudar de paradigmas. Que usufruam da prática de Ashtanga para construírem um novo estilo de vida de maior saúde, bem-estar e realização.

 

BOAS PRÁTICAS

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