#FIND THE TIME

Durante muito tempo tive oportunidade de escolher a melhor altura no meu dia para praticar, porque o meu quotidiano desenrolava-se com a prioridade de manter uma prática de Ashtanga Yoga regular, consistente e diária.

A minha vida circundava à volta da disciplina de manter uma prática viva, para ir superando as dificuldades do meu corpo, e equilibrando uma mente dançante e emoções que gostavam de altos e baixos. Tive a oportunidade de preparar várias vezes a minha capacidade de organização e gestão do meu dia-a-dia, de modo a chegar a uma estabilidade inabalável de quer estivesse frio ou calor, chuva ou sol, com menos ou mais energia, e todo um outro vasto conjunto de par de opostos,  eu estender o tapete e praticar. Quando a prioridade deixa de ser a nossa prática, ou qualquer outra área da nossa vida, para passar a ser a vida dos nossos bebés, as suas necessidades e felicidade,  rapidamente somos obrigados a relembrar as primeiras lições que aprendemos há muitos anos, quando pela prática  entendemos a importância de ir preparando a capacidade de disciplina, organização e de gestão do tempo, para acomodar espaço no quotidiano para o nosso Ashtanga.

Com a Concha a ultrapassar os dois meses e meio de vida, posso afirmar que já pratiquei em quase todas as horas do dia. Para dar-vos  um exemplo, estou aqui a escrever-vos e são quase 04 da manhã, acordei às 02.30h com ela a pedir alimento, já está novamente a dormir, como todos os restantes cá em casa, e eu fiquei desperta, porque estou tão habituada a acordar cedo, que alguns dias fico logo acordada com o meu corpo e a minha cabeça a pedirem pelo meu Yoga. E daqui a pouco lá vou eu estender o tapete,  antes de ir ensinar a turma da manhã. Noutros dias pratico depois de ensinar, e noutros acabo a aula e venho a correr cheia de saudades da minha bebé, nesses dias acabo por praticar quando ela adormece em profundidade, o que pode ser às 11h, às 15h, ou às 20h da noite. Sim, posso afirmar nestes quase três meses, que as horas da minha prática variam dependendo do dia-a-dia da minha filha, mas como treinei tanto ao longo de todos estes anos,  a capacidade de organização e gestão do meu quotidiano para manter espaço para o Ashtanga, acabo sempre por conseguir praticar. Nem sempre é fácil, nem sempre é na melhor hora, mas os dias passam e a prática vai ficando cada vez mais forte, e aquela hora e pouco onde mexemos, movimentamos, esticamos, alongamos, torcemos, e acima de tudo respiramos, acaba por ser o remédio perfeito para uma recuperação pós-parto sólida e forte.

Não há milagres, nem receitas perfeitas, nem quotidianos imaculados para conseguirmos praticar, seja Ashtanga Yoga ou qualquer outra opção que vos encha o coração, é preciso testar a nossa capacidade de organização do dia-a-dia, aumentarmos a nossa flexibilidade mental e criatividade, e depois aproveitar os momentos e fazer. Encontrar o tempo para mantermos aquilo que nos torna mais vivos, faz de nós melhores pessoas, melhores pais, melhores seres humanos. Para isso há que abanar o comodismo, retirar a preguiça de cima dos nossos ombros, afastar o perfeccionismo, impedir que o auto-julgamento e a crítica assumam algum relevo, arregaçar as mangas, e criar o tempo para estender os tapetes e esticarmos a alma.

BOAS PRÁTICAS

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