#BEING A FIREFIGHTER
Há alturas que sinto que sou a bombeira cá de casa, com dias e dias seguidos a colocar água sobre as labaredas criadas pelos praticantes, apagando fogos intensos, advindos de esforço, confusão e padrões.
Sim, Ashtanga Yoga cria calor intenso, que nos faz transpirar até à alma. Sim, Ashtanga Yoga é uma prática de purificação, de limpeza, de transformação. Mas não, Ashtanga Yoga não é para ser feito à bruta, nem para ser praticado com uma respiração completamente fora de controlo, como se estivéssemos nos últimos instantes de uma longa maratona, já totalmente esgotados. Nem tão pouco são usados movimentos bruscos e secos, como se tivéssemos em cima de um ringue, onde o alvo somos nós mesmos, ou o coitado do chão de cá de casa, que leva socos e pontapés, porque estamos em plena luta.
O resultado deste género de práticas são continuarmos com os mesmos padrões que usamos no quotidiano, sem conseguirmos aceder ao nível subtil da prática, de a tornar em plena meditação em movimento. De desbloquear e criar espaço no corpo, de acalmar as flutuações da mente, ou de abrir portas no coração para uma vivência mais serena e de maior sensação de paz. Mas muitas das vezes, forçamos na prática, porque aprendemos a ter de forçar na vida, e não sabemos fazer de outra forma, e quando nos aconselham a praticar sem esforço, ficamos a olhar para o professor sem saber o que ele fala, às vezes até ficamos ofendidos, outras envergonhados, e outras perdidos, porque nem tínhamos noção que entravámos, permanecíamos e saímos das posturas com os ombros nas orelhas, com os músculos da face tensos, que as pernas tremiam e tremiam em todas as posições, que a nossa respiração era semelhante a uma locomotiva a todo o vapor, entre tantos outros exemplos. Mas isto também faz parte do processo desta prática, começarmos com todos os nossos padrões, alguns que nem sabíamos ter, e depois gradualmente, lá vamos deixando que nos apaguem os fogos, lá vamos largando as luvas de luta, e encontramos outras formas de viver a prática e a vida.
BOAS PRÁTICAS
