Até mesmo com olheiras a vida continua bonita!

Com uma agenda apertada para a entrega do Parar. Sentir. Respirar. , vi-me em pleno 4º mês de vida da minha filha Concha, em frente à lente da câmara fotográfica da Vera Sepúlveda! Como devem imaginar, especialmente aquelas que já são mães, não foi de todo um processo fácil!

Embora o facto de ser praticante Yoga há duas décadas e de Ashtanga Yoga há 15 anos, tenha sem dúvida ajudado a manter o meu corpo estável durante as alterações que ocorreram na gravidez, a verdade é que depois do parto, precisamos de tempo para sarar e recuperar. Quando começámos a fotografar, tivemos de iniciar por posições simples que em nada prejudicariam a minha recuperação, de modo a não forçar os meus músculos abdominais. Tínhamos uma lista extensiva de posturas que pretendíamos incluir no livro, e eu não fazia a maioria delas há mais de 12 meses! O desafio era grande, mas o maior problema não foi de todo estas questões, e sim quando vi, o resultado das primeiras fotografias, onde reconheci um incomodo mental e emocional que identifico em muitas outras mulheres e homens.

Não é de todo fácil nem simples, aperceber-me que depois de tantos anos de praticar Yoga que trabalha a aceitação e o não julgamento, que estava a criticar a minha barriga por aparentar um aspecto estranho, pois claro, há 4 meses que tinha lá dentro uma bebé! Ou o braço e a perna que não estavam longos e tonificados, e mais algumas partes de mim mesma que destoavam de uma longa lista que escondiam estereótipos e ideais de beleza, saúde e bem-estar. Este jogo mental e emocional que desvaloriza o relevante e fortalece o que  não faz qualquer sentido, alimenta um padrão forte de auto-julgamento e vergonha. Vocês reconhecessem nestas palavras? Há muitos anos que tento colocar-me à prova nestas áreas de modo a contrariar estas situações de auto-critica, e era importante fazer pazes com esta temática, para ser totalmente honesta com todas as pessoas que fossem ler o livro, e especialmente, para cortar um padrão que não quero perpetuar para a minha filha!

Dediquei algum tempo a reflectir e consegui estruturar um exercício que transforma o negativo em gratidão, vejam se funciona convosco – eu repeti-o praticamente todas as noites depois de adormecer a minha bebé, e que consistiu em passar os olhos e o coração pelas fotografias do meu passado, onde nutri amor, paz e honra por cada centímetro de mim mesma, quer nas  fases de maior ou menor conforto físico, numa prática diária de auto-amor, auto-confiança, auto-conhecimento. É um exercício que não termina quando chegamos  às fotografias do nosso presente, implica regularidade tal e qual como uma prática de Ashtanga Yoga.  Obriga ainda mais a responsabilidade de tomar conta de nós mesmos, de dar o nosso melhor sem andar atrás de julgamentos que retiram o poder da nossa essência e aniquilam potencialidades.Há que reproduzir esta prática quando temos tempo para estar sozinhos, pode ser 5 ou 10 minutos antes adormecer, até porque ela é relaxante, e em consciência desenvolvermos paz connosco mesmos, apesar da barriga, celulite,  estrias,  marcas, rugas, ou qualquer outra coisa que nada impede de sermos a melhor versão de nós mesmos, porque até mesmo com olheiras, a vida continua bonita!

 

BOAS PRÁTICAS

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