A SÉTIMA SÉRIE DA VIDA

Há muitos anos que escuto os professores e  praticantes mais antigos a falarem de uma tal 7ª série do Ashtanga Yoga, como sendo aquela que é a mais difícil e exigente.

Mas na realidade este método dinâmico de Yoga está definido pela existência de 6 sequências de posições,  que se distinguem pelo nítido acréscimo no grau de perícia, exigência e integração. E  quando o praticante entra na vida familiar, vida comum e partilhada, casamento e filhos, começa a vivência de uma sequência que não tem nada de posições, mas que é apresentada como a mais intensa e complicada, a 7ª série da vida –  aquela onde temos de colocar em prática tudo o que aprendemos nas “milhentas” horas passadas em cima dos nossos tapetes! Eu acho que é aquela onde escorregamos em grande dentro de nós mesmos e percebemos o quanto ainda estamos no início de saber viver o Yoga na vida.  Porque se há maneira de vislumbrarmos onde estamos no Yoga e na vida, é repararmos como temos vivido as crises, as dificuldades, as noites sem dormir, o cansaço acumulado de cuidar e educar as nossas crianças, a partilha exigente de um dia-a-dia que implica ter muito pouco tempo para se estar sozinho! E há quem adore, e há quem, enfim, viva tudo de outra forma!

Depois de um ano inteiro dentro da série da vida, olho para todas as outras 6 sequências de posturas descritas no Ashtanga Yoga e dá-me vontade de rir, porque realmente esta 7ª  é tão mais exigente, que às vezes apetece desistir, e no entanto há muito tempo  que aprendi que é preciso continuar a tentar, respirar, reflectir, perceber o que não está a correr bem, mudar aquilo que nos faz mal, banir o que nos magoa, perdoar o que é preciso e avançar para outro dia com a confiança renovada que seremos mestres nesta sequência da vida cheia de novas responsabilidades, funções, encargos, e dificuldades.

Mas calma, nem tudo é um drama!

Há tantos momentos bons, ricos, cheios, repletos de pura inspiração, amostras que é possível superar os dias menos positivos. O sorriso dos nossos bebés, a primeira palavra, os primeiros passos, as gargalhadas vivas, o olhar terno quando está adormecer, a sua mão no nosso rosto, e tantos outros exemplos que se estendem a milhares de segundos que iluminam o nosso coração.  E tantas outras colecções de momentos como a  especial alegria de vermos os nossos pais a serem avós babados, os nossos sogros que são tão nossos amigos, o nosso marido ou mulher que mesmo nas alturas que dão discussão são as pessoas que mais amamos, os amigos que viraram família , e tantas outras situações que ajudam a superar o difícil!

É preciso ter calma, subir muitas vezes ao tapete de Yoga, todas as que conseguirmos, e  praticarmos com a alma coladinha ao nosso corpo, para que a mente não tenha hipótese de querer fugir do momento presente. Respirar, mexer os corpos cansados do sono acumulado pelas muitas noites sem dormir, criar energia para puxar a apatia, desmotivação e negatividade para longe dos corações,  e ganhar renovada fé e alegria para continuarmos a tentar andar dentro da 7ª série da vida com destreza, foco e equilíbrio.

 

BOAS PRÁTICAS

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