#UNEXPECTED FALLS

Na semana passada, estava a fazer a minha caminhada preferida, uma que me permite olhar o mar a cada um dos meus passos, onde subo, desço, ando sobre rochas, areia, contorno obstáculos, mas tudo feito com segurança e atenção, (pelo menos era isso que eu considerava).

Quando já estava a chegar ao meu ponto de partida, optando pelo troço mais seguro (pelo menos era isso eu considerava), porque esta barriga crescente obriga a maior atenção, acento o meu pé da frente, num piso de pedrinhas soltas, e o mesmo escorrega sem controlo, eu dou um tombo tão grande no chão, que fico quieta uns bons minutos a repetir para mim mesma, um “ai, ai,ai”, sem saber se iria conseguir levantar-me do chão. Sorte ou não, foi que não cai de barriga no chão, mas a queda foi tão intensa, que dois amigos que nem perceberam que era eu, vieram saber se estava bem, quando chegaram mais perto, reconheceram-me e ela, exclamou, “Ui a caíres assim com essa barriga!” E eu ainda no chão, só dizia, “pois!”.

Eu estou com um corpo completamente diferente, já quase a chegar a 27 semanas de gravidez, mas não é só em forma, e até provavelmente sem esta  barriga crescente também tinha caído.  Quando nos acontece alguma, sem estarmos à espera, acabamos por ser obrigados esfregar bem os olhos, e decidirmos ter maiores cuidados, embora na realidade haja todo um leque de situações que por maior prevenção não podem ser de todo previstas! Seja a fazer uma caminhada, como a atravessar a rua, ou em qualquer outro exemplo, há momentos que não tínhamos previsto ou pensado, e só quando estamos de rabo no chão, a olhar para o céu, enquanto dizemos os “ai ai ai”, é que lá ganhamos maior noção que por maiores cuidados,  o nosso controlo é muito relativo. Há que confiar no universo, dar o nosso melhor e sem medos levantarmos-nos, aguentarmos os “ai ai”, no meu caso, entender se está tudo bem com a bebé, pedir-lhe desculpa baixinho, e fazer um sorriso maroto de cumplicidade, e passar a olhar melhor onde coloco os pés!

Seja numa queda física, tonta, seja com um problema de maiores consequências que trespassam umas nódoas negras, arranhões e desconforto, a vida não é de todo um rol de episódios previstos com antecedência, a cada esquina podemos ser surpreendidos por algo, e tomar atitudes de prevenção é uma opção, mas evitar viver por medo, não me parece que seja algo positivo, ou algo que deva ser alimentado como estilo de vida. Talvez porque a prática de Ashtanga Yoga obriga a irmos tocar lugares completamente desconfortáveis, seja no corpo, como nas limitações do que considerávamos ser a nossa mente e emoções, acabamos por ganhar instrumentos que puxam pela nossa força interna, e mesmo quando caímos, praguejamos, refilamos, queixamos-nos, lá optamos por nos levantar, tirar lições e voltarmos a tentar. Eu gosto de acreditar, que depois de alguma coisa que acontece de maior intensidade, ou seriedade, que com a ajuda de uma prática consistente de Ashtanga, que somos munidos de maior experiência,  presença e atenção, e coração aberto,  para irmos conseguindo largar medos e padrões e continuar a nossa vida, apesar das dificuldades. Talvez seja mais fácil escrever isto, quando se tem a felicidade, ou sorte, ou qualquer outra denominação,  de os problemas se resumirem a uma queda, e não a algo mais complicado, mas mesmo com incidentes que implicam bem mais que limparmos as roupas da poeira, e algumas idas à fisioterapia para superar as amolgadelas nos tecidos, ligamentos e músculos, continuo a acreditar que esta prática nos dá a garra para maior discernimento e força interna para superar as vicissitudes da vida.

 

 

BOAS PRÁTICAS

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